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terça-feira, 15 de julho de 2008

FESTÁBUA 2008 - CULTURA OU NÃO, EIS A QUESTÃO!!!


Antes de mais quero felicitar os corajosos que decidiram levar a cabo a elaboração deste blog. Pena é que nem todos assumam a sua identidade mas percebo e respeito a decisão porque sei bem o que é pensar pela própria cabeça num sítio como Tábua. Ainda assim, aqui fica o recado: mostrem-se ao "mundo", assumam as vossas ideias e ganhem o respeito de quem não teme seres inteligentes.
Nesta minha primeira (porque conto com muitas mais) participação no vosso/nosso blog tenciono dar a conhecer a minha opinião acerca da FesTábua v.2008. Não do que correu bem ou mal em termos organizativos, muito menos da qualidade dos espectáculos (porque gostos não se discutem) mas sim do que penso serem os objectivos do evento em termos de politica cultural. E, porque não, do que acho que deveriam ser os “tais objectivos”. Porque há que os ter quando se trata de gastar parte considerável do orçamento anual para a cultura de um concelho do interior do País.
Ora bem, o que foi a FesTábua 2008? Precisamente o que o nome indica. Uma festa para os tabuenses. Uma festa de cariz popular, como devem ser as festas de Verão. Até aí tudo bem. Concordo e apoio incondicionalmente a realização deste tipo de eventos. Acho até, como bem sabem alguns dos organizadores, que pecam por escassez estas iniciativas no nosso concelho. E fico feliz pelo facto de terem voltado a escolher o Jardim Sarah Beirão para acolher todos quantos quiseram associar-se às iniciativas que aí tiveram lugar. É, ou deveria ser, um espaço nobre da Vila, curiosamente baptizado com um dos maiores nomes da cultura do nosso concelho, portanto faz todo o sentido que, de uma vez por todas, se levem a cabo as diligências necessárias a fim de o tornar num parque de cultura e lazer digno da modernidade do século XXI, como é por exemplo a Biblioteca Municipal, outro ícone do concelho de Tábua.
Portanto, a FesTábua foi de facto uma verdadeira festa popular, juntando no nosso Sarah Beirão pessoas de todas as idades e estratos culturais e sociais. É algo que acontece sempre que se realizam eventos do género, aqui e em qualquer outro ponto do País. E parece-me ser precisamente esse o único objectivo da Organização (Câmara Municipal de Tábua, executivo e oposição têm iguais responsabilidades porque este formato já não é de agora, entenda-se). Uma vez por ano, gastam-se muitos e muitos euros a fim de mostrar que se trabalha sempre e não só em ano de eleições. É uma evolução muito positiva, reconheço, mas contudo parece-me que falta ambição. Acima de tudo, que falta uma estratégia cultural, algo que já referi noutras ocasiões e moradas de opiniões.
Não conheço o orçamento deste ano (faço uma “pequena” ideia porque conheço o meio) mas o que interessa não é o quanto mas sim o como e o porquê. E aí reside a raiz da minha discordância com a índole adoptada pela Organização para a edição deste ano da FesTábua. Quanto a mim deveria apostar-se, definitivamente, no enriquecimento cultural da comunidade tabuense e este tipo de iniciativas é vital para mostrar às pessoas para onde se quer orientar a politica cultural do concelho. Ora, este ano, mais do que nos anteriores, assistiu-se à massificação da música dita “pimba”, da proliferação dos grupos de baile nas diferentes noites do evento e deixou-se de parte a criatividade e a diversidade cultural. Se este é um sinal do que será a aposta para o futuro cultural da terra que onde cresci e onde teimo em continuar apesar das dificuldades que se apresentam diariamente aos jovens (um assunto para outro dia!!!), então devo dizer que estou ainda mais preocupado do que quando não havia pura e simplesmente actividade cultural por estas bandas. Nessa altura, havia pelo menos a perspectiva de um futuro auspicioso.
Faz falta, muita falta, uma estratégia cultural neste concelho. Uma estratégia que agrupe escolas, associações, empresas e autarquia numa só comunidade. Numa comunidade virada para a diversidade cultural, porque só assim a cultura estará ao serviço da evolução das mentalidades de cada um e por consequência da sociedade em geral. Assim, todo o dinheiro que se gastar em iniciativas do género (também nos bailes, contra os quais nada tenho) será bem gasto. Os resultados não aparecerão no imediato, mas como em qualquer projecto bem delineado, o futuro será bem mais risonho que o presente.
Enfim, o que com isto quero dizer é que não basta fazer porque sim, porque tem de ser e o povo gosta. Deve fazer-se com objectivos. Com ambição e criatividade. E o povo continua a gostar. Quanto a mim, a gostar mais e melhor. E venha daí a FesTábua 2009.

Bruno Correia Nunes

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